POVO marubo
Nós somos o povo Marubo, habitamos as regiões do alto e médio curso dos rios Ituí e Curuçá, no Vale do Javari. Somos a terceira maior população dessa vasta terra indígena e falamos a língua Marubo, pertencente à família linguística Pano.
O nome “Marubo” nos foi dado pelos não-indígenas, mas, entre nós, nos identificamos como Yora, que significa “gente”. Esse termo nos diferencia dos nawa, que são os não-indígenas e qualquer pessoa que não seja Yora.

Localização:
Alto e médio curso dos rios Curuçá e Ituí, no Vale do Javari.
População:1.543 pessoas (SIASI/SESAI, 2022).
Idioma: Marubo, pertencente à família linguística Pano.

Lideranças falecidas
Curuçá: Guilherme (Wanôpa), Misael (Txôna Kenãpa), João Tuxaua (Niwa Wani), Zé Barbosa (Vanêpa), José Rufino (Vanêpa), Alfredão (Ivinipapa). Ituí: Raimundo (Poketi), Rai Samom (Kêmõpapa), Lauro Brasil (Panipapa), Nikano (Noya Kamãpa), Abel (Txomãpa), Armando (Cherõpapa), Antonio Brasil (Tekãpapa).

Aldeias
Curuçá: Jaburu, Komãya, Maronal, Matxikeyawai, Morada Nova, São Salvador, São Sebastião, Txonawaya, Volta Grande. Ituí: Alegria, Carneiro, Fazenda, Kapivanaway, Liberdade, Mâncio Lima, Nazaré, Praia, Pakavanaway, Paraná, Paulinho, Pentiaquinho, Manãcio, Santa Luzia, Vida Nova, Boa Vista, Rio Novo e São Joaquim.



Nossa ornamentação corporal é sagrada e se mantém a mesma ao longo da nossa história. Utilizamos um cordão feito de caramujo aruá e uma cinta larga confeccionada com caramujo ou sementes de palmeiras como o cocão, a jarina ou a pupunha.
Além disso, usamos um cordão atravessado no septo nasal, também feito de caramujo aruá. Mesmo após séculos de contato com os não-indígenas (nawa), mantivemos o formato tradicional das nossas aldeias, que é composto por uma grande maloca e casas individuais por famílias ao redor. A maloca grande é o centro do convívio comunitário e o lugar onde passamos boa parte do nosso dia. As casas unifamiliares, por sua vez, são onde cada família guarda seus pertences e realiza atividades mais íntimas.


Nossa relação com a sociedade não-indígena começou há muito tempo. Primeiramente, tivemos contato com os Incas, depois com os espanhóis, e, por fim, com peruanos e brasileiros, durante o período de extração de caucho, couro de animais, e nos ciclos da borracha e da madeira. Apesar dos muitos contatos com os não-indígenas, optamos por um isolamento voluntário até que, em 1952, fizemos um novo contato com missionários na aldeia Kapivanaway, afluente do rio Curuçá. Somos um dos povos pioneiros no movimento indígena do Vale do Javari e até hoje seguimos em nossa luta pela proteção do nosso território e cultura.
Nós, Marubo, continuamos nossa luta por autonomia e pela preservação da nossa cultura. A nossa união e resistência têm nos fortalecido ao longo dos anos, garantindo que a nossa voz seja ouvida e a nossa terra respeitada. Seguimos cuidando do Vale do Javari, do nosso território sagrado, das nossas tradições, e da nossa identidade como Yora.