POVOS ISOLADOS
Em nosso território, o Vale do Javari, vivem povos que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) classifica como “isolados”. Nós preferimos chamá-los de “parentes em isolamento voluntário”, “parentes isolados” ou, simplesmente, “Povo Livre” e “Autônomo”.
Cada povo do Vale do Javari os nomeia de acordo com sua própria cultura e língua. Para o povo Marubo, são conhecidos como Yora Rawema ou Moka Nawa (gente arredia), para o povo Kanamari são o Warikama-dyapa (povo capivara), os Mayuruna os chamam de Isacmaid (aqueles não vistos) e para os Matis são conhecidos como Matses Wëtsi (outro povo).


O termo “isolamento”, utilizado pelo Estado, refere-se ao nível de interação social desses povos com as instituições estatais. São povos que decidiram não estabelecer relações permanentes com seu entorno, incluindo outros povos indígenas do Vale do Javari e os não-indígenas (nawa). Essa escolha é resultado da defesa de sua autonomia e da preservação de suas formas de viver, diante das muitas ameaças que vêm do mundo exterior.
Desde 1987, a política oficial do Estado brasileiro tem sido a do “não-contato”, ou seja, o Estado não deve fazer contato com os povos isolados, como era previsto na política indigenista antes da Constituição de 1988. O contato só deve ser feito em casos em que suas vidas estejam ameaçadas, principalmente por questões sanitárias e conflitos com o entorno. A Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da FUNAI é a responsável por monitorar e proteger os territórios ocupados por esses parentes, promovendo sua segurança e garantindo que sua escolha de viver isolados seja respeitada.

O Vale do Javari é a região com a maior concentração de povos isolados do mundo. Segundo a FUNAI, existem pelo menos 16 referências registradas de povos isolados em nosso território, ou seja, pelo menos 16 coletivos que vivem em isolamento no Vale do Javari.
Presume-se que as línguas faladas por esses povos pertençam às famílias linguísticas Pano e Katukina, demonstrando, assim, a diversidade que habita nosso território.